terça-feira, 7 de setembro de 2010

Quem é você na mesa de bar?

As “mesas de bar” são um ambiente mítico, no qual discute-se questões filosóficas da maior importância para o andamento do universo. Nessa verdadeira “ágora contemporânea”, nossos metafísicos dispõem seus postulados para o deleite dos destemidos interlocutores.
Na verdade, são um punhado de pinguços sem-vergonha, que ficam se achando os bons, mas não passam de medíocres que falam da vida alheia. Assim, vamos classificar logo essa fauna:

 A Gostosona da Mesa

Ela é gata; inegavelmente gata. Mas infelizmente se comporta como uma adolescente, sobretudo quando recebe alguns torpedos de bebuns metidos a conquistadores. Não é comum, mas em algumas ocasiões a gostosona resolve encher o caneco ao ponto de virar os olhinhos. É a hora da onça beber água, porque a galera (sem interpretações literais, por favor) cairá de pau. No geral, porém, ela passa a noite tomando água e, quando muito, arrisca uma saladinha.

O Aniversariante

Nem sempre ele é o aniversariante, mas há todo um “comportamento” que qualifica esse ser. É aquele que conhece tudo mundo, troca de cadeira o tempo todo, comporta-se como “o melhor amigo” de cada um dos presentes. Despede-se de todos com um terno abraço, e não raro acaba segurando a conta; afinal, está sempre na leva derradeira que abandona a mesa. Todo “aniversariante” está fadado a pagar pelo whisky alheio, mesmo tendo bebido apenas inocentes (e baratas) cervejinhas.

A Celebridade

Pode ser uma atriz global, ou então a “garota mais popular da Vila”, a celebridade é aquela que atrai a atenção de todos os presentes do boteco. É importante diferenciá-la da “gostosona”, porque obviamente nem sempre ela é uma delícia (mas normalmente acumula os cargos). Existe, claro, a versão masculina da celebridade, que varia de “jogador pentacampeão” a “o Rei da sinuca de Itacuruça”.

O Teórico do Universo

Ele sabe sobre todos os assuntos; para tudo, tem uma teoria, e não raro é revolucionária. Parece gozação, mas sempre discorda da opinião vigente para trazer sua “brilhante” opinião. Quando ele vai mijar, é normal que o resto da mesa bole alguma estratégia para matá-lo de forma violenta. O grande problema é que poucos resolvem desafiá-lo, pois seus chiliques normalmente expõem o adversário ao ridículo (além, claro, de expô-lo a um ridículo sempre vergitinosamente maior).

O Bobo-Alegre

Essa peça tem uma piadinha infame para exatamente TODA MANIFESTAÇÃO que ocorra na mesa. Aparece o vendedor de incenso? Piadinha infame! O garçom oferece cerveja? Piadinha infame! O “filósofo do universo” expõe mais uma nova teoria sobre o surgimento da vida na Terra? Trocadilhos nele! E por aí vai. Normalmente, o bobo-alegre ilustra suas performances com mímicas, micagens, e toda sorte de gracejos igualmente vexatórios, que transformam o comediante numa piada muito mais hilária do que o objeto de sua comédia.

A Estátua-de-Cera

Ela entra muda, sai calada, bebe pouco e só vai ao banheiro se for para acompanhar. Em quase todas as vezes, trata-se de uma garota feia. Seu silêncio é tão inabalável que chega a causar constrangimento na mesa. O “bobo-alegre” sempre usa máximas do tipo “ah, você tá falando demais...” ou “ah, pára de falar um pouco...”. Mas nunca ninguém diz algo como “não sabia que o Madame Tussaud fazia estatuas de gente ridícula”.

O Zé-Mané

Todos vão embora e ele fica com a conta. Tomou três cocas e vai pagar por vinhos, whiskys, paellas e camarões à provençal. O mais engraçado é que ele SEMPRE fica até o final, passando SEMPRE pelo mesmo constrangimento. É por essas e outras que o zé-mané recebe essa qualificação. Afinal, todos já tivemos um “momento zé-mané”, mas depois aprendemos e damos o troco vestindo a carapuça do tipinho seguinte...

O Oportunista

Essa figuraça bebe, come, fuma, peida, arrota, passa a mão na bunda da mulher dos outros e deixa apenas CINCO REAIS (ou um tíquete de quatro e cinqüenta). Sai dando risada, e ninguém percebe que ali houve um golpe da pesada. Na hora de fazer a conta, a galera rateia as despesas desse sanguessuga. O pior é quando ele próprio confessa que deu o golpe, achando-se um verdadeiro “enxadrista do escape financeiro”, quando na verdade é apenas um “caloteiro cara-de-pau”.

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